POESIA GOIANA
Coordenação de SALOMÃO SOUSA
Foto: https://www.aflag.com.br/
ELZA NOBRE CAETANO DA COSTA
Natural de Serrana, Minas Gerais, tomou posse em 2 de setembro de 1999
Bacharel em Pedagogia, exerceu o magistério por alguns anos. Foi co-fundadora do Clube Cruzeiro do Sul, do qual foi presidente por duas gestões.
ATIVIDADES CULTURAIS - Declamadora, poetisa e cronista, participa da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, desde 1985, como membro dos extintos quadros de Sócias Correspondentes da grande Goiânia e Sócias Suplementares. Tomou posse como membro efetivo deste sodalício, na cadeira 41, em 2 de setembro de 1999, em sessão solene. O registro da posse encontra-se na Revista da AFLAG nº 2, 1988/2001. Tem vários trabalhos publicados em jornais e revistas goianos, como também, nas últimas revistas da AFLAG. Suas inúmeras participações declamando poemas de sua autoria encontram-se registradas no Museu de Imagem e Som da Academia. Figura como verbete no Dicionário de Escritores Goianos, de José Mendonça Teles, Ed. consorciadas UBE/GO, 2000 e em dicionários lítero-culturais goianos e nacionais. Pertence, também, aos quadros da União Brasileira de Escritores - Seção de Goiás.
Obras publicadas:
- 1982 - Trechos de vida, poesia e prosa, Goiânia, Secretaria de Cultura e Desportos
- 1999 - Conflitos e confrontos, poemas, Goiânia, Kelps
COSTA, Elza Nobre Caetano da. Trechos de vida. Prefácio por Fidelis Chamone Jorge. “Orelha” do livro por Basileu Toledo França. Capa: Ilustração de Sérgio Nobre Caetano da Costa. Goiânia: Secretaria da Cultura e Desportos, 1982. 160 p. — Ex. bibl. Antonio Miranda
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EM BATISMO DE FOGO – FIZ-ME GOIANA
Nasci ao sopé da sopé da montanha agreste
No sul de Minas Gerais...
Minha infância foi requintada
Correndo livre entre os cafezais!
Depois, vi o amado noivo partir
Para as longínquas plagas de Goiás...
Passava as tardes contemplando as serras,
Pedindo a Deus, transpô-las um pouquinho mais!
Ele fora togado Juiz e viria me buscar...
Tão criança eu era ainda, mal podia imaginar
Que de permeio às alegrias,
Muita coisa eu teria que passar...
Pois, a dor é inerente à vida,
Assim como os peixinhos do mar!
Paraúna, Goiânia,
Caldas Novas, Bela Vista, Itaberaí, Goiás...
Solo goiano, do meu ventre para o teu ventre,
Carne da minha carne, restos de gestação,
Ou de vidas obstadas, involuntariamente!...
Nessa peregrinação, deixamos em Goiânia,
No seu solo, como em um relicário sagrado,
Nosso primeiro filho, sepultado,
Morto inopinadamente!...
Quase um ano e meio de idade,
Que amor, que fascínio exercia em mim!
Nas faces cor das rosas, no porte um querubim!
Foi-se juntar aos anjos de Céu,
Para de lá me ajudar a transpor,
Tudo já transpus. Ao léu,
Sem aquela experiência de amargor,
Eu não seria quem sou.
Tornei-me adulta, anciã,
Na intensidade da dor!
Jurei, a mim mesma, então,
A este solo, entregar meu coração!
AO PAI DOS TREZE...
Hoje quero juntar, como se fossem flores,
Todos os nossos pedidos de perdão.
E enfaixá-los em ramalhetes multicores,
Para oferta-los ao pai deste lar, a este verão,
Que tem se santificado, multiplicando o pão,
Dia após dia, ano após anos!
E hoje, que as cãs, já lhe ornam a veneranda
Face, inda oferece exemplos sábios
De honradez, de labor e perseverança...
Um sorriso constante, vê-se em seus lábios.
Se um filho seu fraqueja ou foge à luta,
Não mais exproba ou o chicote dobra,
Mas, com brandura a conduta certa lhe imputa,
Dando-lhe a mão, mostrando-lhe que nem só de pão
Vive o homem; é preciso atentar para a grande obra
Do espírito, que o conduzirá à eterna mansão.
ENVELHECER
Sei que gostas de ver-me de cabelos soltos,
Como nos áureos tempos de nossa mocidade;
Como se além deste, fatores outros
Não houvessem desfeito esta possibilidade..
Artesão magnífico na cura das feridas,
Grotesco às vezes, sanando os desenganos,
Sulca fundo a face de beleza preterida,
À cauterização do sofrimento humano!
Assim, pois, tudo à sua época, cada qual
Tem sua beleza própria; descobre
Agora, nos meus cabelos presos, força igual
Àquela que te empolgava; e julgando, pensa
Quão penoso é para mim, torno-me rubra,
Aceitar “envelhecer”, do destino, implacável sentença!
A EUTANÁSIA
O que me apavora, não é da morte a aproximação.
Que esta é para mim, penosa, mas simples passagem.
São as sucessivas cirurgias que deformam; a mutilação
Enfim, das formas humanas; e com agem
Os esculápios cirurgiões, que devolvem a saúde
De forma singular: mutilando a face.
Como se a vida em corpos deformados ou em ataúde
Não fosse a mesma coisa; talvez, a última eu abonasse.
A simples esperança na descoberta da cura,
Não justifica a demora da eutanásia, à aceitação;
Pois, se amanhã o antídoto aparecer, pura
Caridade fôra, a morte de hoje, que poupou
Vinte e quatro, dez, uma hora de intensa desilusão!
E o que se perdeu? A Vida? esta é eterna e para glória ecoou
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Página publicada em julho de 2021
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